quinta-feira, 1 de outubro de 2015

QUARTA CAMADA – A FUGA II

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“A SEÇÃO 37, A ANTIGA VITÓRIA, ESTÁ FECHADA. ATENÇÃO NÃO SAIAM DA SEÇÃO 37” Gritava os alto-falantes presos nos postes assim que a poeira baixou. Não tínhamos tempo, não podíamos seguir pela rua e algumas tropas vermelhas estavam pela rua procurando os suspeitos que haviam fugido há poucos instantes. Eram soldados especiais, vestiam armaduras blindadas protegendo todo o corpo, em suas cabeças luzes brilhavam dos capacetes que cobriam todo o rosto exibindo um circulo vermelho no centro, por onde obtinham informações sobre o local. Um deles vestia uma armadura branca com detalhes vermelho no ombro e no peito, seu capacete era exatamente como os outros exceto pelo pequeno radar colocado na fronte, este não estava armado, apenas observada em todas as direções dando ordens aos demais. Assim que K32 notou sua presença fui puxado em direção a um prédio abandonado. Onde havia um banco agora existia apenas poeira e cinzas.

Quebramos os vidros da entrada e passamos pelo hall principal, o prédio estava entre duas avenidas e por ele poderíamos chegar ao outro lado, se tivéssemos sorte. Passamos correndo por uma escada esperando chegar ao outro lado, tentamos quebrar a parede de todas as maneiras possíveis, mas não tivemos sucesso. Nosso plano havia falhado.


- Vamos esperar aqui mesmo K32. Eles não podem ficar lá fora pra sempre…
- Eles não vão ficar lá fora Scott, daqui a pouco haverá tantos guardas aqui que não conseguiremos respirar. Disse dando sinal para que o leão se aproximasse.
- Quem é aquele guarda com armadura branca? Porque ficou tão preocupado quando o viu?
- Ele é nosso pesadelo neste momento, pode nos rastrear em qualquer lugar dentro de 300 metros, venha vamos subir aquelas escadas. Daremos a volta por cima do prédio.
- T56, você consegue os distrair, faça isso seguindo em direção ao setor 38 e depois volte para onde combinamos. Dito isso o leão saiu em disparada na direção contrária a ponte que divide Vitória e Cariacica.

Subidos três lances de escadas sem parar para respirar enquanto na parte de baixo alguns barulhos indicavam que a tropa estava começando a vasculhar todo o prédio. Chegamos ao ultimo andar, o prédio era uma antiga construção e ainda algumas telhas estavam quebradas exibindo as poucas estrelas no céu daquela noite. K32 parou e olhou por um minuto em nossa volta e depois para o teto.

- Tsc… ainda procurando crianças K32…
- Droga! Ele nos alcançou! Reclamou da voz vinda da sala anterior a nossa.
- Quem é ele? Vamos subir logo K32, ainda temos tempo…
- Não temos mais tempo…

Ouvimos palmas da pessoa que caminhava de forma tranquila em nossa direção, meu coração estava quase saindo pela boca e quando vi que era o mesmo soldado de branco tive de me encostar pra me acalmar um pouco. O soldado apertou e segurou por um tempo o circulo vermelho no centro do capacete e ele se abriu até as orelhas revelando quem estava ali. Ele esfregou os olhos com uma das mãos e um leve sorriso saiu de seu rosto...

- Como sempre… você dependendo de mim… o que vai ser dessa vez K32? Vou prender você ou entrego nas mãos dos meus soldados?
- Não vou precisar da sua ajuda dessa vez… estamos de passagem. Dito isso ele dobrou os joelhos e saltou pelo buraco aberto na antiga telha do prédio.

Notei que o homem ficou olhando enquanto K32 desaparecia pelo telhado e por um instante estava paralisado com o medo, mas não havia mais saída, eu poderia ficar ali e ser entregue ou fazer alguma coisa, e caso não acontecesse o que planejara seria entregue, havia uma pequena chance de um homem covarde como eu, que havia aprendido a ler com um anjo e ficado frente a frente com um anjo maligno sobrevivesse a um momento de coragem.

Aproveitei que minhas pernas estavam reforçadas com os módulos para salto e acertei o sujeito no peito, com a força ele caiu tentando segurar na marquise da porta. Deu certo! Agora eu teria uma segunda de chance!

- Pule Scott, ande… vamos sair daqui!


Peguei impulso para saltar e quando o fiz senti como se estivesse voando do chão ao teto. Em instantes estávamos cruzando os telhados dos dois prédios dando de cara com a rua paralela, onde por incrível que pareça não havia ninguém!

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