sábado, 23 de novembro de 2013

QUARTA CAMADA - A REUNIÃO (PARTE 1)

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A sala do diretor era bem pequena, diria até muito simples e desconfortável. Havia duas poltronas e uma pequena mesa redonda separando-as, em uma das paredes decorada como que de tijolos estendia-se até o teto uma imagem de um cristo vestindo vestes escuras. Com uma das mãos segurava um globo e com a outra apontava para baixo com olhar sério e ao mesmo tempo doce como já o retratam em todos os lugares.

- Boa tarde senhor…
- Scott, meu nome é Scott…
- Sente-se Scott, preciso conversar com você sobre algumas coisas que tem acontecido, vamos ser breves.
A enfermeira entrou e fechou a porta atrás de mim passando a chave, aproximou-se e tocou meu ombro e aguardou enquanto o diretor pegou uma prancheta com diversas anotações. – Como tem se sentido aqui Scott, sentiu alguma melhora nos últimos dias? Perguntou acertando os óculos com um dos dedos.
- Com relação a que o senhor gostaria de saber? Estou preso junto com um monte de loucos, sem amenos saber o motivo, há algum motivo para estar melhor?
- Entendo, o senhor não se lembra do que ocorreu nos últimos dias então… creio que vamos ter que trabalhar melhor o seu quadro…
Esfreguei os olhos tentando buscar algo que fazia sentido em minha mente naquele momento, mas não encontrei nada, estava prestes a explodir dentro daquela sala… bati forte na mesa para aliviar um pouco a tensão, os dois se assustaram e a enfermeira se afastou para buscar alguma coisa enquanto começava a falar com aquele homem.

- Não consigo me lembrar diretor, porque o senhor não esclarece o que está acontecendo de uma vez por todas e assim ambos ficam satisfeitos?
- Pois bem, o senhor tem um grave quadro de perturbação psicológica… estamos tentando ajudar, mas nos últimos dias o senhor piorou, tem tido muitos problemas ao dormir e durante o sono… este tem sido seu quadro nestes últimos dias.
- Estou aqui após um acidente onde caí do quarto andar de um prédio, isso é tudo que tem acontecido comigo, fiquei num hospital onde me davam drogas para dormir durante umas quatro semanas e de repente eu acordo com um bando de pessoas doentes e o senhor quer me convencer de que eu também estou ficando louco… 

- Fale-me mais sobre estes sonhos a respeito do seu Deus, Scott, desde quando você os tem e como eles influenciam no seu dia-a-dia?
- Como sabe das minhas visões? Ainda não as contei a ninguém… Realmente não sabia de onde ele tinha tirado aquela informação e comecei a duvidar de que realmente alguma coisa do que ele disse pudesse ser verdade, afinal toda esta história de camadas havia me levado até ali sem que eu soubesse exatamente o motivo… Foi então que eu comecei a testar tudo que havia aprendido para verificar se era ou não realidade.
- Deus me escolheu para mostrar algumas coisas, ele me tirou da minha antiga vida e mostrou que posso ser útil a serviço de seu reino e da sua justiça, creio que isto me trouxe aqui, mas desejo hoje ir embora…
- O nome Deus, tem algum significado pra você Scott? Isto molda sua vida de alguma forma ou você apenas conversa com ele quando está sozinho?

Chutei a mesa de centro para alcança-lo depois daquela provocação e senti uma agulha entrando nas minhas costas, no susto olhei para trás e nos poucos segundos que me restaram pude ver a enfermeira descartando a agulha no lixo. Não houve ali, assim como não houve em nenhum outro momento uma presença da terceira camada, ou eu estava sozinho ou simplesmente estava ficando louco quando aceitei tudo isso. Fui recolhido para um dos quartos com grade e após algumas horas acordei.


Decepcionado com os acontecimentos, me coloquei de joelhos no chão apoiando a cabeça na cama de lençol sujo, um pouco de esperança existia em mim ainda para poder gastar chorando em busca de um salvador que fosse capaz de me tirar daquela situação, após alguns instantes de apenas choro pude sentir algo em meu redor sendo modificado, o ar ficou aquecido e o quarto começou a clarear como se estivesse ali algum tipo de luz, para ter certeza de que não estava tendo uma ilusão me certifiquei de estava consciente do que estava acontecendo... não foi como em um sonho, estava acontecendo algo real.

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