sábado, 14 de setembro de 2013

QUARTA CAMADA – O TEMPO, O LIVRO E OS DOZE PERDIDOS

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As rodinhas da maca sambavam pelos corredores do hospital enquanto eu estava praticamente desmaiado. Entramos numa sala, senti a ponta da maca abrindo as portas e paramos num canto frio. Não conseguia ver nada, sentia apenas o que acontecia ao redor, uma mão fina e delicada pegou meu braço… senti a ponta de uma agulha furando meu braço e…

- Este é o terceiro ataque esta semana, disse um menino numa outra cama...
- Desta vez foi um pouco mais forte, disse a enfermeira mostrando os resultados do exame ao médico  parado ao seu lado.
- Vamos aguardar mais alguns dias com o mesmo medicamento…


Naquela noite fui levado a um lugar alto, como um topo de uma colina. Estava caminhando entre as árvores tentando entender onde estava quando notei um altar erguido em mármore com detalhes prateado formando faixas que lembram o movimento do vento. Acima havia uma enorme ampulheta feita em madeira e pilares de ouro. Sua areia era fina e prateada, corria entre a cavidade do vidro como que água correndo sobre as pedras, notei que estava chegando o fim. De alguma forma aquilo me falou sobre um tempo que estaria acabando, rápido como uma corrente de ar que entra pela janela e atravessa a porta dos fundos. O tempo estava no fim…

Fui levado a outro lugar, havia uma mesa feita em marfim com um enorme livro aberto sobre ela e um homem forte e alto parado ao lado. Atrás havia um grande trono de marfim com acento em veludo vermelho. O homem estendeu a mão sobre o livro e começou apertar suas capas uma contra a outra, quando fez isso saiu como que sangue de entre as páginas e então ele o abriu, foleando suas páginas e sorrindo como alguém que tivesse descoberto algo novo.

Então todo o cenário ficou escuro, um vento forte bateu contra mim e cai entre pedras úmidas e frias espalhadas no chão. À minha frente havia um enorme vale pedregoso e muitas pessoas andando de um lado ao outro, sem rumo. Uma pessoa tocou meu ombro, não pude notar quando chegou.

- Vê aqueles onze homens perdidos no meio daquelas rochas? Perguntou apontando para um circulo de pedras onde onze pessoas circulavam tentando sair, suas mãos e seus pés estavam presos com correntes e havia uma faixa escura tapando a boca de cada um, assim eles ficavam andando, curvos pelo peso das correntes, de um lado ao outro tentando escapar. Um deles estava caído sofrendo fortes dores enquanto os outros buscavam desesperadamente uma saída.
- Quem são? Podemos de alguma forma ajudar eles a sair de desta prisão. Afirmei dando um passo adiante.
- Você pode, mas você quer? Sente que precisa de alguma forma ajudar estes pobres loucos a encontrar uma saída?
- Não iria embora sem tentar… ele tocou em meu ombro mais uma vez.


- Você será enviado a eles, e então serão doze, e todas as informações obtidas até aqui serão passadas não apenas para os onze e sim para todas as tribos do Rei dos reis. Estes doze significam doze pessoas e doze tribos… A primeira visão te falou sobre o tempo, a segunda sobre os escolhidos e esta ultima se refere à prisão… então eu acordei...

[continua...]

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